terça-feira, 26 de maio de 2020

A genética


A genética
O que é?

    É a parte da ciência que estuda a hereditariedade, ou seja a estrutura e função dos genes e a variação dos seres vivos , sendo que é  através da genética que tentamos compreender os mecanismos e leis de transmissão das características que ocorrem através  das gerações. 

  Primeiros estudos: foram  realizado  por  Gregor Mendel em 1860  onde  através de  cruzamentos entre linhagens de ervilhas,  observou a existência de “fatores” distintos que eram transmitidos dos genitores para a prole. Os padrões de herança observados por  Gregor  Mendel correspondem aos padrões de distribuição dos cromossomas nos gametas no processo da meiose (processo de divisão celular ). Mas só mais tarde e com  o  aprofundamento das pesquisas, os “fatores” foram chamados de genes. No entanto Imre Festetics  foi o primeiro a usar o termo genética sendo também o primeiro a descrever os princípios básicos da mutação.
Na  genética a transmissão de informação envolve quatro elementos básicos: a diversidade de estruturas celulares com inúmeras formas especificando aspetos diferentes do organismo; um mecanismo de replicação que copia a informação e repassa à prole; a capacidade de mutação para que haja maior variabilidade; e a capacidade da prole em traduzir as informações herdadas em proteínas.
As variações de uma mesma característica, ou mesmo as  ações do ambiente sobre os indivíduos e outros padrões tais como a taxa de reprodução, mutações e até a seleção natural são objeto de estudo para os geneticistas analisarem a composição genética em uma população sendo a genética uma base para a compreensão da evolução . No entanto as descobertas na genética permite-nos aplicá-la em varias  áreas distintas tais como a da saúde, em ecologia, , zoologia, entre outras (taxonomia molecular de microrganismos, genética forense, toxicogenética, epidemiologia genética). No entanto ainda há muito a ser pesquisado.
Como é que funciona? O estudo da genética abrange todo desde  as moléculas até as populações. Só  que é nas  moléculas de DNA, que é na parte estrutural dos cromossomos, que se localizam os genes. Sendo  os genes que trazem as informações necessárias para a síntese de proteínas. A partir da observação das variantes dos genes é possível investigar as propriedades biológicas dos organismos de forma geral.
                                                     

                                                                                                    Ana Silva 

sábado, 23 de maio de 2020

A relação mãe-bebé: Observação em primatas e bebés.

“Ao nascimento biológico do ser humano sucede o seu nascimento psicológico.”


As relações precoces são as relações de dependência do bebé com os adultos que cuidam dele. A imaturidade do ser humano torna-o dependente dos outros membros da espécie, dos adultos, ao nível da sobrevivência (lentificação).
No entanto, esta relação diferencia-se dos outros animais, uma vez que o ser prematuro depende e precisa dos cuidados dispensados pelos pais ou por outros cuidadores, para sobreviver física e psiquicamente.

Esta necessidade adaptativa que começa com os cuidadores designa-se de vinculação. Define-se como laço afetivo mútuo entre a criança e a figura de vinculação e visa o seu sustento e proteção. 


Tal dependência social do ser humano começa logo após o nascimento nas relações que o recém-nascido estabelece com a mãe ou figuras que cuidam dele (figuras maternantes). Desta relação dependerá o que seremos no futuro, no domínio da construção das relações com os outros e na construção do eu psicológico.


A importância da relação mãe-bebé.


Perante o inacabamento do bebé humano e a sua prematuridade, as relações precoces apresentam-se vitais para o desenvolvimento e sobrevivência do mesmo. A complexidade das relações que se vão estabelecendo desde o nascimento, está estreitamente relacionado com as competências básicas do bebé e da mãe. 

Assim, é a prematuridade do recém-nascido que permite o estabelecimento de relações precoces, dispondo-o para o desenvolvimento de competências relacionais.
Atividade fortalecedora da relação mãe-bebé.

A criança vê-se determinada pelas primeiras fases da vida, uma vez que estas asseguram as condições para a sua sobrevivência e desenvolvimento.

O que é uma relação precoce?

É uma relação recíproca que tem por base o conjunto de comportamentos (sorrir, chorar, agarrar) que nos primeiros tempos de vida permitem estabelecer a ligação afetiva entre a criança e quem cuida dela, isto é, a progenitora.

O que é a vinculação? 
É um comportamento que permite à pessoa aproximar-se ou estabelecer proximidade das suas figuras preferenciais ou privilegiadas.

É de salientar a importância conferida à vinculação, já que esta consiste na necessidade de elaboração de laços afetivos e de aproximação com um indivíduo que transmite segurança e proteção, a fim de estabelecer contactos físicos ou de proximidade. Tal como o ato de comer e beber constitui-se uma necessidade primária/vital, o mesmo podemos dizer da necessidade de vinculação. 

Neste sentido, esta relação é uma necessidade básica, essencial ao desenvolvimento mental do ser humano bem como ao desenvolvimento da sociabilidade, expressando-se através do choro, da fome, entre outros.

Vantagens da vinculação:

  • Estruturação da sexualidade: relacionada com as representações relacionais que se constroem durante a primeira infância.
  • Regulação emocional: depende de toda uma construção de afetividade que a vinculação permite.
  • Interações sociais  positivas: vínculo seguro e confiante que desenvolve sentimentos de segurança e confiança nos outros.
A importância do vínculo do amor no começo na vida da criança.


Harry Harlow

Harry Harlow.

Harry F. Harlow (1905-1981) foi um psicólogo norte-americano que ficou conhecido pelas suas experiências sobre a privação maternal e social em macacos Rhesus, e que demonstraram a importância dos cuidados, do conforto e do amor nas primeiras etapas do desenvolvimento.

Duvidou das teorias que afirmavam que o amor começava com uma ligação à mãe, como fonte de alimentação, e se aplicava aos demais membros da família por extensão.

Desenvolveu a teoria de vinculação na obra “A natureza do amor”. Harlow, nas suas experiências, utilizou macacos Rhesus que exibiam um leque de emoções e que necessitavam de cuidados maternais, embora estes sejam mais maduros após o nascimento do que os bebés humanos.

As experiência etológicas de Harlow

Harlow começou por separar alguns macacos das respetivas mães, durante 6 a 12h após o seu nascimento e, posteriormente, isolando-os numa jaula juntamente com “mães substitutas” constituídas por arame e madeira ou revestidas de arame felpudo. Deste modo, as várias experiências decorreram em várias jaulas.
Mãe felpuda (esquerda) e mãe de arame (direita).

Ora, numa das suas experiências, ambas as “mães” estavam presentes na jaula.

Uns recebiam o leite da mãe de arame, enquanto outros recebiam-no da mãe de tecido. Mesmo quando a alimentação provinha da mãe de arame, o macaco passava grande parte do tempo agarrado à mãe de tecido e era a ela que recorria quando se encontrava assustado. 

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Os macaquinhos que foram crescendo com as mães artificiais ficaram pretificados de terror quando eram colocados em situações novas, sem a presença da mãe felpuda.

Harlow concluiu que a necessidade e a procura de contacto corporal e proximidade física são mais importantes que a necessidade da alimentação. 

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“Contacto de conforto”

Inicialmente, Harlow pensou que a mães felpudas satisfaziam totalmente as necessidade emocionais dos bebés macacos. Numa observação, os bebés viverem durante 3 a 6 meses isolados com as mães substitutas, parecendo saudáveis e normais. No entanto, manifestavam:
  • Comportamentos compulsivos, movendo-se em círculos ou baloiçando o corpo para trás e para a frente.
  • Falta de interesse por outros macacos ou pessoas.
  • Sexualmente desajustados, não se relacionando sexualmente com macacos do mesmo sexo.
  • Quando as macacas ficavam prenha, os machos mostravam-se incapazes de cuidar dos filhos e rejeitavam-los agressivamente.
Experiência de Harlow e a privação materna.

As razões foram atribuídas à privação ou défice de estimulação sensorial, perceptivo e social.

  https://www.youtube.com/watch?v=qjiioOmWnqg - O vídeo apresenta-nos, de forma clara e pertinente, a experiência de Harlow.


Bowlby
John Bowlby.

Bowlby desenvolveu uma série de investigações relativas à relação entre as perturbações de comportamento e a história de infância. O psiquiatra, especialista e psicanalista inglês estudou os efeitos do cuidado materno sobre as crianças. Bowlby ficou impressionado com as evidências de efeitos adversos ao desenvolvimento, partindo das observações sobre o cuidado inadequado após a separação. 

Os estudos primordiais de Bowlby deram origem à Teoria Apego (TA).
O psicanalista considerou o apego um mecanismo básico dos seres humanos. Isto é, um comportamento biologicamente programado, como um mecanismo de alimentação e de sexualidade. O papel do apego na vida dos seres humanos envolve o conhecimento de que uma figura de apego está disponível e oferece respostas, proporcionando um sentimento de segurança e fortalecendo a relação. 
TA (Teoria de Apego).

De acordo com Bowlby, o relacionamento da criança com os pais é instaurado por um conjunto de sinais inatos do bebé, que demanda proximidade
Com o passar do tempo, um verdadeiro vínculo afetivo desenvolve-se. Por isso, um dos pressupostos básicos da TA é de que as primeiras relações de apego, estabelecidas na infância, afetam o estilo de apego do indivíduo ao longo da sua vida.

Após a separação da família, o especialista observou uma sequência de 3 fases/reações emocionais:
  • Desespero;
  • Protesto- irritação e cólera;
  • Desapego- indiferença e apatia.

As emoções e os comportamentos específicos foram concebidos para manter o filho perto dos que prestavam cuidados primários. 
  • Mecanismos de seleção natural, em termos evolutivos;
  • Mecanismo natural de sobrevivência das espécies.

O vínculo entre a mãe e o filho faz parte da base biológica de sobrevivência: nascendo indefesos e completamente dependentes, os bebés estão geneticamente programados para se comportarem de modo a assegurarem a sua sobrevivência (e da espécie).

Aspeto positivo da vinculação: as crianças gostam de estar com a mãe, estabelecendo interações mútuas.

Aspeto negativo da vinculação: o medo inato do desconhecido ou do círculo familiar mantém a criança perto e presa/agarrada à mãe. 
Entre os seres humanos, estes medos iniciais são difusos, tornando-se mais específicos à medida que os perigos são apreendidos.

“O bebé deve viver uma relação calorosa, íntima e contínua com a mãe (ou com a figura permanente), na qual ambos encontrem satisfação e  prazer.”

Segundo este psicanalista de crianças, a rotura do lado materno com o bebé nos seus primeiros anos de vida tem efeitos negativos, permanentes e irreversíveis, no desenvolvimento intelectual, social e emocional.

Críticas à teoria de Bowlby:

  • A irreversibilidade dos danos psicológicos nas crianças parece estar mais ligado à privação de qualquer vínculo afetivo do que à perda do vínculo com a mãe biológica. 
  • A desvalorização do pai, considerado um mero substituto da mãe tem vindo a ser mentira, uma vez que os bebés têm desenvolvido um forte apego em relação à figura paterna e tal dá-lhes a possibilidade de experiências qualitativamente diferentes.

 https://www.youtube.com/watch?v=EW7aJQKrke0 - O vídeo mencionado reflete a experiência de Bowlby.

Mary Ainsworth

Mary Ainsworth.
Psicóloga canadiana que confere à teoria de Bowlby um suporte  observacional e experimental.

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Grande impulso na Psicologia

Trabalhou com Bowlby, desenvolveu a teoria de vinculação e realizou estudos, na Uganda, sobre efeito de separação em 28 bebés, durante três anos. 
Realizou, de igual modo, estudos experimentais em Bultimore (E.U.A).
Além disso, alargou a teoria de Bowbly, a “Base de Segurança”:
  • A experiência de “Strange Situation” é o primeiro instrumento a permitir medir e sistematizar a vinculação, identificando padrões de apego em crianças entre os 12 e os 18 meses: o comportamento de criança é secretamente observado.

Assim, a relação dos pais gera segurança, permitindo ao bebé sentir-se livre para descobrir o mundo.

Ainsworth descreve o funcionamento desta “Base de Segurança” dada pelos pais a partir das experiências que desenvolveu.
Conhecida como “Situação estranha”, a investigadora regista o efeito de separação e do reencontro dos bebés entre os 12 e os 24 meses com a sua mãe:
  • A mãe e o bebé entram numa sala estranha;
  • A mãe senta-se, deixando o bebé explorar o espaço;
  • Um estranho (adulto) entre na sala, conversa com a mãe e depois com o bebé;
  • A mãe sai da sala, deixando o bebé sozinho com o estranho;
  • A mãe volta e o estranho sai.
Representação da "Situação Estranha".


Segundo Ainsworth, a forma como o bebé reagia, quer à ausência da mãe, quer ao seu regresso, refletia o seu equilíbrio emocional, que relacionava com os cuidados que recebera.

Três estudos primários de vinculação:
  • Seguro:
  • As crianças sentem-se confortáveis para explorar o meio, confiando na mãe respondente.
  • Enquanto adultos, são pessoas que confiam, querem amar, não receiam a rejeição e encaram-se a si mesmos como dignos de afetos.
  • Evitante:
  • As crianças afastam-se das mães que não as estimulam ou que as rejeitam.
  • Enquanto adultos, são emocionalmente distantes e calculistas, céticos face ao amor, receiam a rejeição mas querem a proximidade e intimidade.
  • Ambivalente:
  • As crianças ligam-se a figuras inconscientes e protestam muito quando as suas exigências não são satisfeitas;
  • Enquanto adultos, consideram-se incompreendidos, têm falta de confiança, sendo carentes e obsessivos nas relações pessoais.

Os estudos prosseguidos mostraram a importância das primeiras vinculações e a sua qualidade influencia as relações que a criança vai estabelecer no futuro.

A investigadora estudou a relação que a criança estabelece com o pai, concluindo que esta manifesta igualmente sinais de angústia quando o pai abandona a sala. Porém, constatou que o sofrimento era maior quando a mãe deixava e a alegria era maior quando ela voltava. 


Isto deve-se ao papel que o pai e a mãe desempenham na nossa sociedade, em que é a mulher que tem a seu cargo as crianças.

“A mãe é uma necessidade biológica, o pai um acidente social.”- Margaret Meald. 

Críticas:
  • Carácter artificial pode conduzir a conclusões desadequadas sobre a relação mãe-filho. Os investigadores procuram complementá-la com observações de crianças em situação natural, nos contextos de vida.
  • Caracterização do tipo de vinculação, que serve de referência à classificação proposta por Ainsworth que se enquadra no contexto da sociedade ocidental e, nesta, em determinados modelos de família.
  • Existem diferentes expectativas das mães que correspondem necessariamente a comportamentos distintos por parte dos bebés e que, por isso, o único modelo de avaliação pode conduzir a conclusões incorretas.

 https://www.youtube.com/watch?v=QTsewNrHUHU - O vídeo dá-nos a conhecer a experiência realizada por Mary Ainsworth.



Konrad Lorenz

Konrad Lorenz.

Um dos cientistas e pesquisadores mais importantes do século XX. Conhecido como o “pai da etologia”, estudou como nenhum outro cientista, o comportamento animal. A sua pesquisa enriqueceu muito o que conhecemos sobre as leis de adaptação e sobrevivência.


Este notável cientista nasceu em Viena, em 1903. Desde muito jovem, demonstrou um amor especial pelos animais. Tinha inúmeros animais de estimação e dedicava grande parte do seu tempo a cuidar deles. Curiosamente, Lorenz sentia uma grande atração pelos gansos selvagens e, desse fascínio, surgiu as suas primeiras descobertas


“O vínculo com um cachorro é o mais duradouro desta terra.”- Konrand Lorenz.

Konrad Lorenz passava a maior parte do tempo a estudar e observar gansos selvagens e outras aves. Em 1936, conheceu Niko Tinbergen, biólogo e ornitólogo, e ambos compartilharam o mesmo fascínio pelos animais, iniciando um estudo juntos. Foram estes os responsáveis por fornecerem as bases do que mais tarde se tornaria a etologia, uma ciência que estuda o comportamento animal.

Lorenz e o comportamento das aves.

Mas, o que é a Etologia?

A etologia é uma ciência puramente biológica que, no entanto, estabelece uma forte relação com a psicologia, uma vez que também estuda as bases do comportamento

Um dos aspetos mais relevantes dos estudos de Konrad Lorenz foi o que projetou, com a ajuda do seu professor, Oskar Heinroth, nomeadamente o conceito de “padrões fixos de comportamento”. Tal como o nome indica, é uma série de padrões de comportamento invariáveis, que encontraram em grande parte das espécies animais.

Lorenz descobriu que algumas respostas são instintivas, marcadas pela programação genética. Perante variados estímulos, estes comportamentos eram acionados, muitos dos quais incluíam verdadeiros rituais. É o caso, a título de exemplo, dos rituais de acasalamento dos pássaros.

“Imprinting”

Outro dos conceitos mais importantes desenvolvidos por Konrad Lorenz é o Imprinting
“Imprinting” consiste numa espécie de marca ou impressão fixada em alguns animais desde o momento do nascimento. Lorenz aprofundou este conceito através da observação de gansos e patos récem-nascidos. 

Face às observações de gansos e patos, Lorenz percebeu que os movimentos inatos e de valor para a taxinomia coincidiam com os movimentos estereotipados do comportamento compensatório.

O psicólogo percebeu que os animais bebés saíam do ovo e seguiam o primeiro objeto em movimento que viam, mesmo que esse objeto fosse ou não a mãe. Os bebés agiam automaticamente, perseguindo qualquer objeto movível à sua frente

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“Imprinting”

Patos submetidos ao "Imprinting".
Também constatou que este comportamento não se limitava aos primeiros minutos de vida, mantendo-se ao longo do tempo. Este fenómeno levava esses animais a tentar acasalar com os seres humanos quando atingiam a maturidade. Rejeitavam até os membros de sua própria espécie, mantendo prioridade aos seres humanos.

Com isto, o psicólogo estabeleceu uma dicotomia entre instinto e aprendizagem, sustentando que os instintos eram inatos e não dependiam, de forma alguma, da experiência. A aprendizagem revelava-se o oposto do comportamento adquirido.

Ora, este procurou evidenciar diferenças entre reflexos e instintos, destacando que instinto é consumatório, precedido de uma atividade apetitiva, enquanto que o reflexo requer um eliciador específico, que apresenta uma fase refratária e uma proporcionalidade entre resposta e estimulação.

Assim, Lorenz demonstrou a geração endógena e o bloqueio interno dos padrões fixos de ação. Com base em observações, este percebeu que a ocorrência de um padrão fixo de ação estava relacionada a duas condições:
  • o tempo transcorrido desde a última ocorrência do padrão; 
  • o aparecimento de estímulos específicos adequados.
Na verdade, era possível compensar a adequação dos estímulos, privando o animal da oportunidade de realizar movimentos instintivos. 

Quanto mais tempo estivesse o animal privado da oportunidade de realizar uma coordenação motora, maior seria a probabilidade de apresentar pedaços ou modelos.

Com base em experiências, Lorenz concluiu que, em condições de privações de estimulação eficaz, era gerada e acumulada continuamente uma energia no sistema nervoso do animal, até que um estímulo preciso (estímulo-sinal), atuava sobre o mecanismo de represamento (mecanismo inibidor do comportamento), desencadeando o comportamento instintivo

Lorenz colocou juntamente o estímulo-sinal e o padrão fixo de ação, formulando o conceito de mecanismo inato. O estímulo-sinal supostamente desencadeia o padrão fixo de ação por meio do mecanismo desencadeador inato, deixando de haver a ação inibitória de centros nervosos superiores. Para expressar didaticamente as várias relações supostas na sua teoria, Lorenz, recorreu ao modelo hidromecânico ou “Psico-hidráulico”.

O modelo não foi desenvolvido para representar exatamente o que acontecia dentro do sistema nervoso, mas para servir de uma analogia. O Modelo "Psico-hidráulico", proposto por Lorenz, foi elaborado para tentar explicar os processos fisiológicos envolvidos na preparação e realização de um determinado comportamento.



O nível da água (altura da coluna): representa o nível de Potencial Específico de Ação para realizar um comportamento que se encontra inibido;

Torneira: enche o reservatório, representa uma fonte de estímulo endógeno;

Válvula: em espiral na base do reservatório, representa o mecanismo desencadeador inato que atua inibindo a realização do comportamento;

Força aplicada sobre a válvula em espiral: representa a ação de estímulos externos (ambientais). 

Os estudos de Konrad Lorenz tiveram grandes impactos na psicologia. Um dos mais importantes foi decifrar o que é o instinto, que desempenha um papel muito importante em todos os animais, incluindo os humanos. O que acabou por incorrer a uma contradição, na qual algumas teses comportamentais afirmavam que os comportamentos humanos eram aprendidos.

Da mesma forma, o conceito de “Imprinting” permitiu definir novos pontos de vista sobre o impacto que as circunstâncias têm no comportamento.

Lorenz mostrou claramente que sob certas condições, até mesmo o instinto é capaz de nos conduzir por caminhos inesperados.

A pesquisa de Konrad Lorenz forneceu elementos valiosos para entendermos as leis de adaptação e sobrevivência no reino animal, que podem ser extrapoladas para os seres humanos.

https://www.youtube.com/watch?v=AdTGL7zK8X0 - O vídeo sugere a representação da teoria de Korand Lorenz. 





Resumo/Síntese

  • J. BOWLBY - O conceito de vinculação foi introduzido por J. Bowlby – entende-a como uma necessidade básica da ligação do bebé à mãe. Segundo J. Bowlby o recém-nascido tem competências básicas que visam a vinculação: o sorriso, choro e vocalizações.

A importância dada a tais comportamentos põe de lado a ideia de que o bebé seria, nos primeiros meses, um ser passivo já que apresenta desde logo um conjunto de capacidades que estimulam os que o rodeiam a satisfazer as suas necessidades – destacando-se a capacidade em comunicar.

  • K. Lorenz, a partir de experiências em gansos recém-nascidos, defende que eles estabelecem as suas preferências em relação a indivíduos com que contactam logo após o nascimento (Impriting),
  • Harlow, por sua vez, pressupondo que satisfação de necessidades básicas como a fome ou a sede da criança são essenciais para o seu desenvolvimento e que nesta satisfação estão envolvidos os adultos cuidadores e em especial a mãe, conclui que existe uma outra necessidade básica ou primária que diz respeito à satisfação de contactos físicos e/ou de proximidade que constitui a vinculação.

 As experiências de Harlow descrevem o comportamento de macacos Rhesus em situação de privação social. Segundo Harlow é o conforto que está na origem da vinculação. 

− Os efeitos da ausência da mãe junto de jovens crias.

− 2 Mães, uma de arame e outra de arame felpudo. As duas forneciam alimento. Verifica-se que os macacos recém-nascidos acediam às duas mães para se alimentar, desenvolvendo-se ao mesmo ritmo.

− Constata-se porém que as crias permanecem mais tempo agarradas à mãe de peluche, em situação de perigo procuravam abrigo junto dela, não procurando a mãe de arame.

− Quando somente a mãe de arame fornecia alimento, as crias mantinham-se agarradas à de peluche.

− Conclui que o vínculo entre as crias e a mãe relaciona-se mais com o contacto corporal e conforto do que com a alimentação.
  • Mary Ainsworth, que estuda o efeito da separação em 28 bebés durante 3 anos, considerando 3 etapas no processo de vinculação
  1. De orientação;
  2. Localização;
  3. Vinculação propriamente dita. 
− Desenvolvendo a experiência "Situação Estranha", a psicóloga regista 3 tipos de vinculação:
  1. Vinculação segura – traduz-se em R de choro e protesto por parte das crianças que acalmam e procuram o contacto físico logo que elas entram na sala.
  2. Vinculação evitante – parece indiferente à ausência e ao regresso da mãe.
  3. Vinculações ambivalente/resistente – manifestam ansiedade antes de a mãe sair, perturbação quando a mesma abandona a sala e hesitam entre aproximação e afastamento quando a mãe regressa.
O efeito de socialização que a vinculação gera traduz-se numa segurança inicial que se irá manter para além da separação já que a criança se sente mais livre para descobrir o mundo e estabelecer outras relações.

− Os modelos de vinculação são construídos pela criança a partir das expectativas que tem em relação à mãe. Daí que se o R da mãe se alterar de forma persistente a criança poderá mudar o modelo de vinculação, já que o mesmo se relaciona com a confiança ou a desconfiança que se reflete na insegurança.

− Tais vinculações são, segundo estes investigadores, fundamentais na qualidade das relações futuras que a criança irá estabelecer.


Como sabemos, o ser humano pode ser definido como um ser biologicamente social e esta manifesta-se logo após o nascimento do bebé nas relações precoces que estabelece com a mãe bem como com as pessoas que cuidam dele. Os laços de vinculação assumem uma necessidade fundamental para criar e manter relações de proximidade e afetividade, de modo a assegurar a proteção e a segurança.
É por tudo isto que podemos concluir o quão importantes são as relações que estabelecemos desde tenra idade, tanto aquelas que nos ajudam como aquelas que nos prejudicam. Evidentemente que, uma boa vinculação favorece a individualização uma vez que, se as figuras de vinculação desenvolverem relações de confiança com o bebé, este sentir-se-á mais seguro e resoluto.
Assim, irá criar a sua própria identidade, já que apresenta autoestima e autoconfiança para enfrentar os desafios que a vida lhe impõe e propõe. 




Mariana Pereira
N.24