No dia a dia, fazemos uso espontâneo de palavras e expressões sobre cujo conteúdo, se questionados, não deixaríamos de manifestar perplexidade e dificuldade em responder.
Exemplo do que dizemos são as palavras conhecer e conhecimento. Uma vez que qualquer ser vivo necessita de se manter vivo, é necessário que “conheça” o mundo que o rodeia, fazendo uso dos órgãos sensoriais com que a sua herança biológica o dotou, de modo a filtrar e selecionar a mais adequada forma de conduta à sobrevivência, manutenção e propagação da sua espécie. Este processo parece ocorrer nos animais de uma forma instintiva e inata, se bem que, em certas espécies, as reações não se possam explicar deste modo simplista.
Assim, desde tempos imemoriais que a história da humanidade está marcada por mitos, ou seja, por histórias sagradas sobre seres divinos, semidivinos e humanos. Adão e Eva são expulsos do Paraíso, por colherem o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Ícaro morre por desejar voar alto demais. Prometeu é duramente castigado por roubar ao Olimpo o segredo do fogo, para o entregar ao Homem.
No tempo dos descobrimentos e do advento da Renascença e do Iluminismo que a curiosidade e a descoberta, nascidas na experiência, passaram a ser defendidas como modos valiosos de avanço do conhecimento.
É neste sentido que o conhecimento, construindo-se, sedimentando-se na base do que nos foi transmitindo, cresce e floresce, por assim dizer, sempre que nos abrimos ao desconhecido, ao que é diferente. A abertura à diferença e ao desconhecido são o alimento de que se sustenta quem, começando por melhor se conhecer, desejava conhecer melhor se conhecer, deseja conhecer melhor a realidade dentro e fora de si. Eis os novos “Descobrimentos” a que cada um de nós é chamado.
Margarida Ferreira e Beatriz Teixeira
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