Anos antes de Watson publicar a obra que o tornou famoso, Pavlov, ao estudar o fenómeno da digestão nos cães, reparou num comportamento interessante: os cães salivavam quando lhes era apresentada comida e também ao ouvirem os passos do tratador ou o som das chaves no momento em que descia as escadas para ir alimentá-los. Intrigado, porque julgava que a salivação era uma resposta simplesmente natural, decidiu treiná-los a associar um determinado som à presença de comida.
A experiência foi bem-sucedida porque, em breve, cães salivavam ao ouvir o som de uma campainha, mesmo que não vissem comida. Esta experiência sugeriu a Watson a ideia de que o condicionamento poderia ser aplicado ao comportamento humano. Pavlov mostrava de uma forma objetiva como certos animais adquirirem novos comportamentos. Numa famosa experiência com uma criança de 11 meses de idade, Little Albert, Watson mostrou que o comportamento humano também podia ser condicionado. Little Albert era um bebé alegre que gostava de ratinhos e coelhos brancos. De cada vez que lhe apresentava um desses pequenos animais e que criança se preparava para acariciar, Watson fazia soar um barulho estridente que assustava Albert. Não demorou muito para que se acontecesse o que Watson previa: Albert começou a chorar e a gatinhar aterrorizado sempre que lhe mostravam um rato ou um coelho branco. O condicionamento alterara radicalmente o seu comportamento. Com efeito, os referidos animais tornaram—se estímulos condicionados que
induziam respostas condicionadas como chorar e fugir gatinhando.Que conclusões retirou Watson desta experiência?
No entender de Watson, não havia qualquer necessidade de recorrer à consciência ou a processos mentais para explicar esta mudança de comportamentos.
Pense nas duas seguintes frases: 1-“Manuel bate nas pessoas porque é agressivo” e 2-“Manuel é agressivo porque bate nas pessoas”. Com qual delas estaria Watson de acordo? Com a segunda. Porquê? Porque as causas do comportamento de um indivíduo estão fora dele, nos condicionamentos a que foi submetido. Por isso devemos dizer “Manuel é agressivo porque bate nas pessoas". A vida interna ou mental- sentimentos e pensamentos- não devia ser considerada causadora do comportamento ou da atividade observável. Ver um anúncio de um filme a que assistimos com o namorado pode levar-nos a pensar nele ou telefonar-lhe. A causa real é externa- o anúncio- e não interna- o pensamento. A sobrevalorização do externo face ao interno tem a ver com o facto de os estados mentais não estarem disponíveis para observação alheia e de os próprios
indivíduos que os vivem não os conhecerem com precisão. Para Watson, as causas de um comportamento não estão no interior da personalidade do individuo. A ideia de que comportamento seria causado por fatores que atuariam no interior do sujeito (temperamento, pensamentos, intenções, necessidades e motivações) era para Watson cientificamente prejudicial e devia ser abandonada.
Vídeo sobre a experiência de Watson:
Margarida Campelos
Sem comentários:
Enviar um comentário