O papel das áreas pré-frontais
O córtex pré-frontal é o responsável pelas principais funções intelectuais superiores, que diferenciam a espécie humana de todas as outras. As áreas pré-frontais estão relacionadas com a memória, possibilitando-nos relembrar o passado, planear o futuro, resolver problemas/preocupações, antecipar acontecimentos, criar o próprio mundo. Estas asseguram a imaginação e o pensamento e permitem ter consciência dessas funções. As áreas pré-frontais envolvem complexas relações com as emoções, como por exemplo: Casos de Phineas Gage e de Elliot.
Phineas Gage era um funcionário dos caminhos de ferro americanos que viveu no século XIX. Quando tinha 25 anos teve um acidente que o deixou famoso: ao colocar explosivos para abrir caminho numa rocha, provocou uma explosão. A barra de ferro usada para empurrar os explosivos atravessa-lhe a cabeça, penetra no queixo, arranca-lhe o olho esquerdo e saí pela parte superior do crânio. Recuperou no hospital e acabou por sobreviver 12 anos. Phineas tinha crises de epilepsia esporádicas e manteve as suas funções motoras e as capacidades intelectuais.
A sua personalidade sofreu grandes alterações. Antes do acidente era um homem calmo, educado e trabalhador. Após o acidente irritava-se sempre que alguém se opunha a ele, era grosseiro e colérico. Ficou desempregado e após isso passeava pelas ruas de Nova Iorque e pelas cidades da Califórnia. A barra de ferro sempre o acompanhou e foi enterrada com ele em 1861, quando morre com 31 anos. O seu cérebro foi colocado num museu da escola médica de Harvard. Através de técnicas de simulação informática, reconstituíram as consequências do acidente, relatando que as áreas responsáveis pelos movimentos e linguagem não tinham sofrido qualquer dano, o que explica que a motricidade e a linguagem não apresentaram qualquer anomalia. A zona verdadeiramente afetada era a que estava situada mesmo na fronte.
Especialização e integração sistémica
Embora existam zonas cerebrais especializadas em determinadas funções. Contudo a especialização não nos pode conduzir a uma perspectiva que defenda uma localização compartimentada.
O desenvolvimento da neurofisiologia, das neurociências e das técnicas de imagiologia cerebral alteraram algumas conceções que vigoraram durante muito tempo.
A evolução dos conhecimentos levou à identificação de funções desconhecidas e à redistribuição das que já estavam identificadas. Mas modificou-se a ideia de funcionamento: a uma conceção que privilegiava a localização das funções de forma compartimentada opõe-se uma conceção que constata que o cérebro funciona como um todo, como uma rede funcional.
Diz-se que uma função perdida devido a uma lesão pode se recuperada por uma área vizinha da zona lesionada, designado por função vicariante. É por esta função que pessoas que perderam a fala, devido a um acidente cerebral, acabam por recuperar a capacidade perdida.
A plasticidade, a redundância das funções cerebrais explicam o facto de outras regiões do cérebro poderem substituir as funções afetadas pelas lesões cerebrais resultantes do coma, os acidentes vasculares, os traumatismos cranianos, entre outros.
Concluindo, o cérebro funciona de uma forma sistémica: é um conjunto complexo de elementos em que as componentes especializadas que o constituem são interdependentes, funcionam de forma integrável. O cérebro é um sistema unitário que trabalha como um todo de forma iterativa com uma dinâmica própria.
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