Relações
Precoces e Relações Interpessoais
Vivemos inseridos nos
mais diferentes tipos de grupos socias, sendo imperativo manter uma variedade
de relações com os restantes membros deste grupo. Seria de todo impensável
viver numa sociedade onde não existissem interações, diria até, impossível.
As pessoas com quem
interagimos não nos são indiferentes e não têm a mesma importância, o mesmo
valor afetivo. Podemos então, dentro do mesmo grupo sentir atração por alguém e
ao mesmo tempo desenvolver relações marcadas pela violência (qualquer que seja
o tipo) com outra pessoa. As relações interpessoais são as interações que
ocorrem com os outros, determinando aquilo que somos e como nos comportamos
e são influenciadas pelas características pessoais do sujeito.
Desenvolveremos,
pois, três tipos de relações entre os grupos e indivíduos: atração, agressão e
intimidade.
Atração
-
preferência que temos por determinadas pessoas, o que nos leva a gostar mais
delas.
É o tipo
de relação que não está ligada com o poder social, com a necessidade de
influenciar o outro, o interesse pelo outro que nos leva a preferi-lo.
Basicamente, fazemos uma avaliação cognitiva e afetiva dos elementos
pertencentes ao nosso grupo e por “aprovação” dessa avaliação procuramos a sua
companhia. A atração é um impulso manifestado quando nos sentimos
atraído por alguém. Muitas vezes, desconhecemos a razão, mas somos
puxados em direção aos nossos desejos, como um íman. A atração não se escolhe,
sente-se. Uma série de características — físicas, emocionais ou psicológicas —
está envolvida neste fenômeno.
Imagem 1- somos puxados para algo sem conseguirmos observar porque, tal como acontece com a força magnética.
Existem vários fatores que influenciam a atração:
- Proximidade:
as pessoas que nos são mais próximas atrai-nos com maior facilidade;
- Familiaridade:
a atração que temos por uma pessoa pode aumentar dependendo do tempo que
passamos com ela;
- Atração física:
as pessoas que achamos mais bonitas (muitas vezes dependendo do padrão social)
causam melhor impressão;
- Semelhanças interpessoais:
pessoas que partilham sentimentos e valores idênticos aos nossos;
- Qualidades positivas:
pessoas que apresentam qualidades que nos achamos que sejam as mais corretas e
que procuramos em qualquer um;
- Complementaridade:
somos atraídos por características que não possuímos, sentimo-nos completos;
- Reciprocidade:
preferimos pessoas que também gostem de nós;
- Respeito:
valorizamos a capacidade do outro;
- Aceitação:
pela compreensão e disponibilidade demostrada pelo outro;
- Estimo:
a simpatia da outra pessoa aumenta a atração que se sente;
- Gratidão:
pelo bem que o outro nos proporciona.
Imagem 2- símbolo de complementaridade
A atração pessoal é muito
marcada pelas emoções, afetos e sentimentos mas também esta relacionada com a
vida de cada um.
Agressão
-
comportamento que objetiva causar danos físicos ou psicológicos a uma/várias
pessoa/as, e que reflete a intenção de a destruir. Podemos dividir os
diferentes tipos de agressões, quanto ao alvo, quanto à forma de expressão e
quanto à intenção do sujeito.
Todos os seres humanos/animais
trazem consigo um impulso de agressividade. É um comportamento
emocional que faz parte da afetividade de todas as pessoas, logo, é algo
natural. A agressividade manifesta-se nos primeiros anos de vida (nas
sociedades ocidentais, bastante competitivas, a agressividade costuma ser aceite
e estimulada, como sinônimo de iniciativa, ambição, decisão ou coragem).
Quanto ao alvo:
Agressão Direta: o comportamento agressivo dirige-se à
pessoa/objeto que justifica a agressão. Na agressão sexual o objeto
confunde-se com o motivo da agressão. Os motivos fúteis opõem-se à defesa da
vida como critério de gravidade do ato agressivo;
Agressão Deslocada: o sujeito dirige a agressão a um alvo que
não é responsável pela causa que lhe deu origem.
Em animais também se observa esse mecanismo de controle dos impulsos agressivos;
Auto-Agressão: o sujeito manifesta agressão contra si
próprio. Ex: Suicídio, automutilação.
Imagem 3- tentativa de auto-agressão/suicídio
Quanto à forma de expressão:
Agressão Aberta: pode manifestar-se pela violência física
ou psicológica, é explícita, concretiza-se, por exemplo,
em espancamentos, ataques à auto-estima, humilhações;
Agressão Dissimulada: este
tipo de agressão recorre a meios não abertos para agredir. O sarcasmo e o
cinismo são formas de agressão que visam provocar o outro, feri-lo na sua
auto-estima, gerando ansiedade. A teoria psicanalítica tem como explicação
desta forma de agressão a motivação inconsciente;
Agressão Inibida: agressão contra si próprio como sentimento
de rancor, o sujeito não manifesta agressão para com o outro
mas dirige-se a si próprio. O sentimento de rancor é um exemplo desta forma de
expressão da agressão. Algumas teorias psicológicas têm a agressão inibida como
causa de diversas doenças psicossomáticas. O grau mais severo do rancor pode
ser designado por ódio.
Imagem 4- agressões verbais
Quanto à intenção do sujeito:
Agressão Hostil: é emocional e geralmente impulsiva,
um comportamento precipitado que não é planejado devidamente e que pode trazer
sérias consequências ao sujeito que agride. Como por exemplo, alguém ser
empurrado despropositadamente numa fila de supermercado e responder de forma
impulsiva, agredindo quem o empurrou. Esta ação pode vir a trazer ao sujeito sérias
consequências, como problemas com a justiça, e até mesmo o pagamento de algum
cuidado médico conforme a gravidade da lesão. O termo raiva pode
designar este sentimento em oposição à agressão premeditada;
Agressão instrumental: é
planejada e visa um objetivo, que tem por fim
conseguir algo independentemente do dano que possa causar, frequentemente não
impulsiva. Como exemplo: o assalto a um banco; pode ocorrer uma agressão no
decurso da ação mas não é esse o objetivo. O seu fim é conseguir o dinheiro, a
agressão que possa surgir é um subproduto da ação. O fim não é a agressão,
porém se necessário será usada.
Imagem 5- agressão instrumental, devidamente planeada
O objetivo habitual da
agressão é dominar as outras pessoas. A vitória assegura-se pelo meio da
humilhação e da degradação. Trata-se, em último caso, de que os outros sejam
mais débeis e menos capazes de expressar e defender os seus direitos e
necessidades. Explica-se então, a agressão, pela interação complexa de fatores
biológicos, ambientais, culturais e relativos à história de cada um.
Intimidade
- sentimento
de proximidade e de veiculação com o outro, é a partilha de sentimentos,
pensamentos e experiências numa relação de abertura, sinceridade e confiança.
As relações de intimidade
são um tipo particular de interação, que pode ser manifestada de diversas
formas a diferentes pessoas, dependendo de cada um de nós. As relações íntimas
distinguem-se pelo facto das pessoas se abrirem mais, partilhando sentimentos,
emoções e afetos. Podemos afirmar que a intimidade tem uma dimensão pessoal. A
abertura a confiança e a sinceridade são condições indispensáveis.
A intimidade pode dividir-se em diversas variáveis:
Intimidade Social:
amigos;
Intimidade Sexual:
experiência de contato físico;
Intimidade Emocional:
compreensão e apoio;
Intimidade Intelectual:
partilha de ideias;
Intimidade Lúdica:
gostos pessoais.
-Amizade:
A amizade é uma
manifestação de intimidade, que envolve sentimentos, tais como confiança,
cooperação e lealdade. Estas relações variam de acordo com alguns fatores como
a idade, o género, as características pessoais e o contexto social.
Uma relação de amizade
pode ser definida da seguinte maneira: relação pessoal, informal, voluntária,
recíproca e de longa duração.
Imagem 6- grupo de amigos dentro da mesma faixa etária
-Amor:
Podemos
dividir uma relação íntima de amor em dois tipos: amor de companheiro, que se
refere á relação com pais e amigos por exemplo, e amor apaixonado, que difere do
anterior pelo envolvimento sexual, como é o caso do namoro.
Imagem 7- namoro
O modelo triangular do amor
A
teoria triangular do amor é uma teoria do amor desenvolvida pelo psicólogo
Robert Sternberg, os três componentes do amor, de acordo com a teoria
triangular, são a intimidade, paixão e compromisso.
A intimidade
engloba os sentimentos de carinho, proximidade e vínculo; a paixão engloba
o sentimento conecto de limerence (estado cognitivo e emocional involuntário
que resulta de um desejo romântico por outra pessoa combinado por uma intensa,
avassaladora e obsessiva necessidade de se ter o sentimento correspondido) e
atração sexual; e o compromisso engloba a decisão de permanecer com
outra pessoa, o compartilhamento das conquistas e planos a longo prazo.
A quantidade de amor que
cada pessoa experimenta depende da força e da combinação desses três
componentes. Eles combinam-se de diferentes maneiras, para explicar o momento
do amor de cada pessoa.
As possíveis combinações:
Não-amor- todos
os três componentes do amor – intimidade, paixão e comprometimento — estão
ausentes. Isso descreve a maioria dos relacionamentos pessoais,
que são apenas interações casuais. São pessoas que encontramos pela vida, mas
não criamos qualquer relação com elas.
Afeição (1)- a
intimidade é o único componente presente. Existe proximidade,
compreensão, apoio emocional, afeição e afeto. Não há paixão nem
comprometimento. As amizades em geral são vistas por esse aspeto. São as
pessoas que se tornam especiais por algum motivo nas nossas vidas. Partilham-se
experiências de situações engraçadas, divertidas, alegres, mas apenas estão
unidos por fazer parte de um grupo, ou da vida de uma pessoa em comum.
Paixão louca (2) - a
paixão é o único componente presente. Este é o “amor à primeira vista”, uma
forte atração física e excitação sexual, sem intimidade ou comprometimento. Podendo
desaparecer com a mesma rapidez que apareceu, ou, em determinadas
circunstâncias, pode durar muito tempo.
Amor vazio (3)- o
comprometimento é o único componente presente. Este tipo de
amor costuma estar presente em relacionamentos de longo prazo que perderam
tanto a intimidade como a paixão. São pessoas que aprenderam a conviver juntas.
O que sentem e vivem é apenas uma questão de rotina, nada mais.
Amor romântico (4)- a
intimidade e a paixão estão presentes. Amantes românticos
sentem-se emocionalmente ligados e fisicamente atraídos um pelo outro. Contudo,
não estão comprometidos um com o outro.
Amor companheiro (5)- a
intimidade e o comprometimento estão presentes. Esta é uma amizade de longo
prazo, comprometida, que costuma ocorrer em casamentos em que a atração física
se extinguiu, mas os parceiros sentem-se próximos um do outro.
Amor ilusório (6)- a
paixão e o comprometimento estão presentes, sem intimidade.
Este é o tipo de amor que leva a um namoro em turbilhão, em que um casal se
compromete um com o outro com base na paixão sem darem o tempo necessário para
desenvolver intimidade.
Amor consumado- todos
os três componentes estão presentes nesse amor “completo”.
É o amor que une duas pessoas para a alegria, a tristeza, a saúde, a doença, a
prosperidade e a adversidade, enquanto ambos viverem.
Podemos concluir que formamos a nossa personalidade em torno das pessoas que nos rodeiam, sendo que temos vários tipos de interações com muitas pessoas, desenvolvemos dentro de um grupo sentimentos de atração, agressão e intimidade por outros indivíduos, tal como eles por nos.
É correto afirmar que o ser humano é um animal que necessita de viver em sociedade.
Referências
https://prezi.com/-mxguipse5in/processos-de-relacao-entre-os-individuos-e-os-grupos/
https://portefoliopsicologiahelenaesc.blogs.sapo.pt/individuos-e-grupos-6746
http://psicob.blogspot.com/2008/04/processos-de-relao-entre-os-indivduos-e.html
https://osegredo.com.br/psicologia-da-atracao-voce-sabe-o-que-e/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tortura_psicol%C3%B3gica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_triangular_do_amor
https://psiconlinews.com/2016/11/teoria-triangular-do-amor-de-sternberg.html
Olá Rúben, após uma leitura atenta do teu trabalho considero que está bem estruturado, dinâmico e explícito.
ResponderEliminarAbordaste da maneira mais oportuna o tema proposto o que me ajudou a perceber melhor os processos de relação entre os indivíduos e os grupos.
Tiveste o cuidado de explicar todas as diversas variáveis da agressão, atração e intimidade o que também ajuda na facilidade de compreensão do leitor e foste muito criativo com os esquemas que apresentaste pois são um resumo síntese das ideologias principais. Achei muito interessante o modelo triangular do amor pois não tinha ideia desta teoria do psicólogo Robert Sternberg.
Assim sendo, obrigada pelo trabalho, não acrescentaria nada uma vez que é claro e direto e é evidente que estavas envolvido no tema.