Papel dos significados atribuídos à experiência
O mundo físico e o mundo psíquico e mental: A realidade objetiva, física, é diferente do modo como a pensamos ou sentimos, pela simples razão de que o pensamento e o sentimento resultam da organização interativa entre o que me rodeia (fatores externos) e o modo como capto o que me rodeia (fatores internos: sentidos, coordenação cerebral, integração de novos dados nos dados da experiência anterior).
A experiência e a construção de significados: Uma criança diz um palavrão, os adultos riem-se, a criança reforça este tipo de comportamento. Este é um dos muitos exemplos da criação de comportamentos e da atribuição de significados. No contacto com o mundo cada pessoa constrói um universo próprio que mobiliza: pensamentos, influências culturais, contextos sociais.
A experiência pessoal: Resulta da interação entre o indivíduo e o meio: constrói-se por um modo particular de agir, de sentir, de viver, de pensar. Resulta de um universo envolvente (o meio físico ou social) com infindas situações e do modo como o indivíduo capta, organiza e integra nas suas vivências anteriores cada nova situação. Daí a diversidade de atitudes e de comportamentos de diferentes pessoas perante situações objetivamente iguais.
Auto-organização e criação sociocultural: Quando uma criança nasce, encontra à sua frente um mundo que ainda não organizou mentalmente. Já o sente de forma primária e difusa, mas não o interpreta nem o vive. Pouco a pouco, conhece, estabelece relações, dá significados e cria afetos. A criança que, aos três meses, fica indiferente perante um boneco, aos três anos fala com ele, cobre-o para não ter frio. É desta proximidade com as coisas e, sobretudo, com as pessoas que nasce e se organiza o mundo do comportamento.
criança começa a criar afeto pelo seu brinquedo.
O papel do indivíduo: A organização mental do mundo é uma auto-organização. Isto é, os sentidos transmitem informações que, atuando sobre o complexo sistema nervoso, levam cada um a auto-organizar o seu mundo de referências. Apesar de o tipo e a intensidade de estímulos terem uma palavra no modo de cada um o organizar, não é menos verdade que o papel do indivíduo é fundamental: é ele que perceciona cada novo estímulo e, automaticamente, organiza-o e integra-o na experiência já adquirida.
A influência sociocultural: O ser humano é dotado de plasticidade: copia e representa o que copia. Quer isto dizer que cada pessoa, construindo-se a si própria, vai ser criada à imagem da sociedade em que se integra: é uma criação sociocultural. Este mimetismo não dá origem a comportamentos estandardizados. É que o tecido social caracteriza-se pela diversidade de comportamentos, de situações e de estilos de vida. Por outro lado, cada pessoa absorve o mundo em contextos diferenciados e com a sua experiência pessoal única que teve como ponto de partida um determinado referencial hereditário.
criança copia o pai, um exemplo da influência sociocultural.
Fábio Monteiro nº11
Sem comentários:
Enviar um comentário