A
Mente como um Conjunto Integrado de Processos Cognitivos, Emocionais e Conativos
O
Saber, O Sentir, O Fazer
Para melhor perceber-mos a mente humana, temos que
primeiro saber o seu significado:
Definição: No ser humano, faculdade de entender, de pensar
reflexiva e afetivamente; entendimento, cognição.
Ou
seja, a mente é a nossa capacidade de entender-mos o que nos rodeia e
conseguir-mos organizá-los de modo a que nos seja mais fácil aceder ao
conhecimento adquirido.
E
então quais são os processos mentais usados pela nossa mente?
Os
processos são 3:
· 1
– Cognição (saber) (o quê?)
· 2
– Emoção (sentir) (como?)
· 3
– Conação (fazer) (porquê?)
Estes
são os 3 processos que nós, humanos, usamos no processo de conhecimento que
acontece dentro da nossa mente.
(2) O segundo processo é o processo emocional.
Este processo remete para a nossa capacidade de processar-mos emoções,
sentimentos, afetos, entre outros. É este processo que nos dá a capacidade de
ficar-mos alegres ou tristes consoante a realidade processada.
(3) O terceiro processo, o processo conativo,
representa a capacidade humana de motivação, de fazer algo intencionadamente, a
nossa vontade e o nosso empenho. É um processo importante pois revela também o
estado espírito da pessoa.
Algo muto importante de salientar é, para a nossa mente
funcionar corretamente, é preciso que estes 3 processos trabalhem em
conjunto, de forma integrada porque senão a nossa capacidade mental não funciona
corretamente, nem a 100%.
Só nos finais do século XX é que a afetividade e a
subjetividade começaram a ter lugar no conhecimento. Para muito contribuíram as
neurociências, e em particular um neurocirurgião português, António Damásio. Para
este desenvolvimento importante, muito se deve ao famoso caso de Phineas Gage e
o seu acidente.
António Rosa Damásio, nasceu em Lisboa
no dia 25 de fevereiro de 1944. É um médico neurologista, professor na
Universidade do Sul da Califórnia e é o autor do livro Erro de Descartes,
fundamental na mudança do paradigma científico e para acabar com a separação do
corpo e da mente.
Principais Obras: Erro de Descartes
(abril de 1995), O Livro da Consciência (2010), Ao encontro de
Espinosa (fevereiro de 2003)
Principais Prémios: Prémio Pessoa, Grande-Oficial
da Ordem Militar de Sant’lago da Espada de Portugal (9 de junho de 1995),
Prémio Honda (2010)
Caso
de Phineas Gage:
Em 1848, Phineas Gage, encarregado de
construção civil sofreu um acidente de trabalho, quando uma barra de ferro se
atravessou o rosto e o crânio após uma explosão. Gage sobreviveu e, após poucos
minutos do acidente andava pelo seu próprio pé e parecia bem perante as
circunstâncias. A pesar de aparentar estar bem, os comportamentos de Gage
mudam drasticamente após o acidente.
ANTES: pessoa responsável, assídua, bem-educada,
cumpria os prazos laborais à risca, era responsável;
DEPOIS: perdeu completamente o sentido de
responsabilidade, usava frequentemente o calão, algo que raramente fazia antes
do acidente, não respeitava horários nas as ordens que lhe eram dadas;
O
seu médico, John Harlow, reconhece que o que aconteceu a Gage após o acidente é
“ o equilíbrio entre as faculdades intelectuais e as propriedades animais”. Os
seus amigos reconheciam que Gage nunca mais foi o mesmo após o acidente, mas
atribuíam a culpa ao trauma vivenciado pelo mesmo. Phineas Gage acaba por
morrer em 1860, 12 anos após o seu acidente. O seu cérebro foi preservado na
Universidade de Harvard.
Em
1994, um casal de neurocirurgiões portugueses (António e Hanna Damásio)
conseguiram localizar de uma forma mais precisa a lesão de Gage. O casal determinou
que as lesões sofridas por Phineas Gage “(…) causavam um défice nas tomadas de
decisão racionais e no processamento das emoções(…)”. O casal também descobriu
que a barra tinha atravessado os lobos frontais. Os lobos frontais, até então não
tinham nenhuma função no cérebro mas, os Damásios descobriram que esta região
cerebral é importante na manutenção do equilíbrio emocional e conativo. A
destruição desta região cerebral parece resolver a questão da alteração de
comportamento por parte de Gage.
Estas
descobertas são a pedra basilar no reconhecimento das emoções na racionalidade
humana, desenvolvida por Damásio no seu livro Erro e Descartes.
Hoje
em dia, o reconhecimento das emoções como parte integrante da mente humana é
algo completamente adquirido, graças ao trabalho de gerações de neurocirurgiões,
com destaque para um dos mais brilhantes neurocirurgiões mais brilhantes de
Portugal já teve.
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